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“O ÓPIO ACABOU!”

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“O ÓPIO ACABOU!”

Acabou! Começamos assim para expressar o envolvimento da população brasileira, no período dos jogos da seleção do Brasil de futebol, na maior competição dessa modalidade de esporte, a “Copa do Mundo”, próximo passado, que norteou a atenção da maioria dos brasileiros, ficando tudo o mais relegado a segundo plano.

Naquela ocasião, o país viveu clima de festa de norte a sul e de leste a oeste, onde possamos imaginar. O território ficou inundado de bandeiras, bandeirolas, faixas, cartazes, nos veículos, lojas, casas, prédios, clubes enfeitados, ruas decoradas, caras pintadas, vestuários nas cores da bandeira nacional, etc. e tal. O povo exteriorizou sua criatividade, alegria estampada nos rostos, que beleza. Uma espécie de endemia (“brasilite”) a grassar a população. O assunto principal era o futebol e, somos “técnicos” e palpites foi o que não faltou da maneira como poderia atuar a seleção.

Encontros foram marcados, as famílias se reuniram, os amigos idem, nos dias de jogos da seleção. Houveram confraternizações, as mais variadas. As pessoas corriam para ir assistir o jogo em casa ou onde pré-determinado. Durante os jogos poucas pessoas circularam pelas ruas, praticamente desertas, uma loucura, facilitando os deslocamentos e circulação de veículos, “uma maravilha”, como dizia o entregador de jornais.

Período em que esquecemos quase tudo, a cabeça voltada para os dias dos jogos e a esperança da seleção ganhar mais uma, mesmo que fosse aos trancos e barrancos. E, aí chegou o dia do desastre capital. Seleção em campo, atitude abaixo do recomendável, em parte, em função do bom desempenho da seleção adversária, que impôs seu ritmo e, deu no que ninguém desejava, o retorno mais cedo para casa.

Findo o sonho de muitos, a tristeza imperou, voltemos a nossa realidade. Outras alegrias virão. Aos melhores a glória, aos vencidos resta o aprendizado. Dos erros ficam as lições para o futuro.

Ah! No dia seguinte, o país acordou em berço esplendido do sonho, para o dia a dia de labuta dos seus súditos. No “after day” os comentários ainda sobre a derrota que ocasionou a saída da competição e a busca de culpados continuará na boca do povo. Vai perdurar até se dispersar feito fumaça, ficando a lembrança.

De bom, era ver as cidades coloridas, o povo vibrante. Seria espetacular a continuidade do desprendimento e permanência do espírito cívico e nacionalista. Não apenas de quatro em quatro anos, e sim, sempre. Seria uma demonstração de apego e valorização de tudo que constitui o nosso querido BRASIL, um legado para os brasileiros do futuro. Se não valorizarmos o que é nosso, quem valorizará? O vizinho! Então, esperemos para constatar. Enquanto isso a “casa pode cair”. Os vizinhos e outros estão aí na espreita, só no aguardo de uma oportunidade. Nem tudo está perdido, quando se vê alegria, estampada nos brilhos dos olhos das pessoas, apesar dos pesares, a esperança é a última que morre e não está morto quem encontra forças para pelejar contra as adversidades. 

Mas, ganhando ou perdendo somos brasileiros, amamos o Brasil. Se liga Brasil, o jogo agora é outro, bem mais duradouro, mais importante, aproxima-se as eleições. Fiquem de olho nos candidatos, saibam escolher os melhores para nos representar. Vamos colocar lá quem sabe e gosta de vestir a camisa verde e amarela, e defender com brios as cores que exprimem a vontade do povo brasileiro e daqueles que aqui optaram viver. Estamos cansados de desilusões, mas enquanto há vida, há expectativas de dias melhores. “O ópio acabou”.

Nelson Vieira**Secretário Estadual de Educação e Cultura do GOB-MS, membro da Academia Maçônica de Letras de Mato Grosso do Sul, correspondente da Academia Rio Grandense de Letras – RS, da Academia de Artes, Ciências e Letras Castro Alves – POA, da ARLS – Aurora II, n.º 2017 e Associação Internacional de Poetas.