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O FUNDO DO POÇO

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O FUNDO DO POÇO

A interpretação da frase nos remete a uma situação de localização, de profundidade, de interior, uma distância imaginária, quem sabe até do desconhecido, após atingir o limite, a partir do que, o futuro é incógnito.

Sempre ouvimos que das profundezas surgem surpresas, algo inesperado de bom ou de ruim, não se sabe. Todavia, lá também há vida, a natureza está presente. O fundo é relativo, no aspecto concreto ele está abaixo do nível, que pode ser íntimo, e com o tempo aumentar o seu curso, ter mais alongamento, e ter seu fim.

Sem perder o fio da meada, no caso aqui, o poço é figurativo, esse existente no dia a dia de nossas vidas, individual ou coletivo. As dimensões dependem de vontade própria ou alheia.

No cotidiano a luta não pára é contínua, cada dia uma vitória a partir da mantença do ideal, viver hoje o melhor possível, sem esquecer o passado com os olhos no futuro, mesmo com o estado de precariedade já considerado normal em segmentos primordiais, para um viver digno da população.

No “tiroteio” diário, nós ficamos no meio, porque falta decisão, por não definir o que queremos, talvez faça parte da nossa cultura, isto é, aceitar tudo e a todos sem medir os pros e os contra, é que estejamos pagando o ônus. A carga está pesada demais no lombo do vivente.

A balança composta pelo deveres e/ou obrigações de um lado e direitos do outro, tem necessidade de buscar o equilíbrio. O “fiel” configura uma tendência, uma inclinação de desigualdade gritante. Muito é exigido do cidadão, porém a contrapartida deixa a desejar. E, não é preciso dizer o porquê, fica para reflexão.

Vai daí que a falta de estrutura no campo emocional (índole), aliada ao social (formação) e a posição econômica (renda, emprego e desemprego) do indivíduo, pode contribuir para ficar distante, à margem (sem segurança) ou facilitar a queda (em face de insegurança) paulatina, e em outro estágio a caída pode ser repentina.

Poder-se-ia dizer que a força interior ajuda a pessoa ir longe, mesmo quando ao seu redor fica difícil remar contra a maré. Problemas todos têm. Entretanto, o fino da coisa é solucioná-los, à medida que surgem, entregar os pontos jamais (mas há os que preferem passar a bola, a enfrentar os desafios), só se por motivos circunstanciais.

Há o provérbio que diz: “Muitas vezes é preciso chegar ao fundo do poço, para de lá retornar modificado”. Das lições, das experiências pode-se aquilatar o que é útil, e, assim não recair em erros outrora cometidos.

Precisamos ter em mente o que mais necessitamos e, fazer o possível e o impossível para conquistar e/ou manter, fim evitar o poço e sua camada profunda. Se cair, lutar para voltar a superfície, a isto chamamos de superação.

Agora, tem ações que o cuidado é fundamental para evitar que indiretamente sejamos levados a aproximar do poço e, até mesmo ser jogados nele, devido iniciativas de terceiros com poderes outorgados, mediante voto. Neste caso, a cautela é uma medida de precaução. Subestimar a existência do poço é leviandade, uma insensatez descabida.

Ver o poço, se aproximar com possibilidades de cair e, nada fazer para obstaculizar a decadência, a ruina, parece estranho, mas acontece, talvez pela impotência num primeiro momento, fragilidade, comodismo e, mesmo deixar acontecer para depois ressurgir das cinzas, tal qual fênix. Há quem goste de sofrer, de ser maltratado.

Nelson Vieira**Secretário Estadual de Educação e Cultura do GOB-MS, membro da Academia Maçônica de Letras de Mato Grosso do Sul, da Academia de Artes, Ciências e Letras Castro Alves – POA-RS, correspondente da Academia Rio Grandense de Letras – RS, da ARLS –Aurora II, n.º 2017 e Associação Internacional de Poetas.