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Campo Grande que conheci

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A CAMPO GRANDE QUE CONHECI
 
Uma cidade acolhedora, com poucas ruas asfaltadas, restringindo-se mais no perímetro central, muito arborizada, a ponto de chamar a atenção de quem a visitava pela primeira vez. A vista aérea, um cartão postal, dando noção de como era a cidade.

A população estava num crescente e, naquela época, e até recentemente as vias públicas (ruas, avenidas e demais espaços) eram limpas, ou seja, raramente se via lixo, resto de qualquer detrito a céu aberto na área urbana. Isso motivava comentários do tipo: “… veja que cidade limpa, da gosto de passear e conhecê-la, sem dúvida um belo exemplo”. Era estado uno, Mato Grosso, e o município considerado o centro econômico na região mato grossense.

Para muitos Campo Grande era no imaginário a “capital”, do sul do então  estado. Tanto é que havia representatividade do governo estadual, espécie de subsecretarias, sediadas na circunscrição municipal para facilitar a administração e melhor atender os anseios dos municípios distantes de Cuiabá, localizados mais a banda sulista do antigo Mato Grosso. Outro fator, dizia a respeito de várias instituições terem suas sedes no estado, a partir de Campo Grande, caso da 9.ª Região Militar do Exército Brasileiro, Base Aérea, Polícia Federal e Noroeste do Brasil.

Havia uma vontade desde muito tempo de dividir o estado, e isso aconteceu aos onze dias do mês de outubro de mil novecentos e setenta e sete, com a criação do estado de Mato Grosso do Sul, Campo Grande passou a ser capital.

A capital com “cheiro” de cidade do interior, em face da simplicidade e do aconchego dos habitantes, no trato com as pessoas. Recebera também a denominação carinhosa de “cidade morena”, que segundo uma corrente, fora em virtude das ações de ventanias. Os acessos e rotas de circulações sem pavimentação asfáltica, ou melhor, no puro chão, era só ventar forte para surgir à poeira, a formar uma “nuvem marrom”, ao derredor da cidade. Há os que afirmam que se dava em parte pelo laborar a terra, nas lavouras circunvizinhas ao contorno urbano.

Ainda, sobre a tal nuvem marrom cabe dizer que, principalmente as donas de casas ficam desgastadas, pois ela (a poeira) penetrava nos lares sem pedir licença. As roupas nos varais mudavam de coloração, um descalabro.

Agora metrópole, Campo Grande começou a desenvolver com o surgimento de escolas e mais escolas, desde o maternal ao ensino superior, clubes, agremiações, um expansionismo de crenças religiosas, uma gama de novos empreendimentos, entre esses shoppings centers, e hotéis, pertencentes a redes nacionais e internacionais que perceberam um potencial no tocante ao progresso, na região municipal e porque não dizer estadual.

Mas é o franco desenvolvimento de um lado e, o retardo de ações públicas a atrapalhar e criar morosidades, no provimento de melhorias para os munícipes. Por exemplo, uma falta de manutenção gritante nos espaços, destinados à circulação de veículos ou pedestres, com buracos em determinados momentos e crateras em outros (e dá-lhe prejuízos). É problema com a merenda escolar, deficiências nos atendimentos nos postos de saúde. O povo não quer muito, quer respeito e contrapartida daquilo que cumpre, pagamentos de taxas e impostos múltiplos.

É certo que uma parcela da população deixa a desejar, quando contribui para a proliferação de danos a comunidade, descartando restos do que julga serem sem serventia em qualquer lugar, piscinas sem o devido cuidado, e terrenos que mais parecem florestas, numa demonstração clara de falta de urbanidade (educação e civilidade). É preciso mudar isso! Talvez com campanhas em estabelecimentos educacionais, no comércio, pontos de ônibus e onde for possível, visando modificar esse costume negativo, num primeiro estágio.

Uma pena que nossos dirigentes não acompanham com presteza as necessidades da sociedade campo grandense e porventura do estado. A prática, o arregaçar as mangas, baseado em ideia ou projeto é de suma importância, basta ter vontade. O povo já está saturado de ver e ouvir tantas asneiras. A bandalheira de alguns dirigentes é visível. Mas parece surgir uma luz, ainda que diminuta, lá no fim do túnel, da qual a esperança é que promova a iluminação por inteiro, e se torne cande.   As transparências das ações geram credibilidades.

Com certeza a Campo Grande que conheci, hoje está bem diferente e não seria para menos.

Nelson Vieira**Membro do GOB-MS, da AMLMS, da AACLCA-RS e ARL-RS. (visonel@uol.com.br).