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DIFERENÇA BÁSICA

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DIFERENÇA BÁSICA
 
Diariamente vemos estampadas na mídia manchetes e artigos sobre o Brasil, no tocante ao social (predomina a violência e segurança precária), econômico (a pretensão de salários dignos – balança comercial) e cultura (educação claudicante, mola mestra para o desenvolvimento) e por aí vai ao que há de ruim a péssimo. Deixamos de mencionar e ver publicações sobre o muito de bom que existe (as más notícias causam impactos e tem mais repercussão, é notório), caso a mentalidade fosse outra com prevalência da solidariedade. Querer o justo (sem hipocrisia), fazer o bem e desejar o melhor para o semelhante (não confundir bondade com bobo) deveria ser uma atitude permanente.

Estamos em transição, o mundo é dinâmico, embora existam locais parados no tempo. Com advento da globalização o novo, segundos depois é considerado velho, haja vista o volume de dados sucedendo a todo instante. A população, atenta aos acontecimentos emite comentários e todos têm remédios para tratar as “enfermidades” acometidas ao país (estamos inclusos). Temos muitos “doutores”, instrumentos e pouca vontade de solucionar os problemas existentes. Os interesses, a ganância, estão acima do melhor para o coletivo no Brasil.

Fala-se muito, age-se pouco. Ora, desde que nos conhecemos por gente ouve-se as ladainhas, a lengalenga já vem de pai para filho, desde o descobrimento por acaso do Brasil, quando em virtude de problemas náuticos os portugueses aportaram neste continente que, digamos, não era a intenção senão o caminho as Índias. E todos sabem, o início foi comercializar os “achados” na terra descoberta também, por outros povos, sem interesse inicial de colonização e sim, de levar daqui o máximo possível de preciosidades encontradas em abundância na natureza, sem a preocupação imediata da posse do território e conseqüente administração.

Nos primeiros tempos, os estrangeiros dos quais boa parte o povo brasileiro descende, tinham um só objetivo: tirar proveito. Por isso, compensava o vir das embarcações (trazendo bugigangas) e o ir (levando coisas preciosas), resultados de transações cujos “fiéis das balanças” pendiam somente para um lado.  Os detentores da terra, os índios, sempre explorados em todos os sentidos. Presume-se que o levar vantagens (o vício) nesta plaga teria origem desde o descobrimento, mais uma herança colonialista. O vírus “vantaginium” uma vez instalado tomou proporções alarmantes e continua fogoso, atualmente é uma endemia.

Do Brasil colônia ao Brasil atual, o país é um “bebê”, quando comparado com as demais nações. No Brasil, parece que estamos numa pátria alheia, onde as pessoas estão passando o tempo sem perspectivas de melhorias, com a marca do temporário fixa nas ações. Por exemplo: Cadê uma política que estimule os empresários contratar pessoas. Considerando que a geração de empregos gera rendas, além de propiciar a oportunidade do indivíduo, tornar reais seus sonhos, sem a ingerência de terceiros.

Na atual conjuntura a empresa que tem digamos X empregados e, conclui que pode diminuir os custos (os encargos sociais são demais de “pesados”), ou seja, indenizando Y empregados, e continuar produzindo, com a mesma qualidade e auferindo os mesmos benefícios, não têm dúvida que assim procederá, promovendo demissões. Enquanto isso, a informalidade prospera. E, se computarmos por hipótese que além do desempregado, no mínimo há mais três pessoas ligadas (esposa e dois filhos) a ele, dá no que dá a geração de infortúnios, com total descontrole, cujo combate de afogadilho acaba sendo oneroso e com resultado que espelha a nossa realidade.

Está difícil enxergar uma luz no túnel da esperança e algo que estimule o progresso, com ardor próprio, de patriotismo, de civismo, do tipo todos por um e um por todos. Casos que soe acontecem em períodos, quando o Brasil é representado no campo esportivo. Nessas oportunidades, vê-se o calor aflorar, pessoas se vestem com indumentárias que expressam as cores do pavilhão nacional e manifestações são criadas. Passado o evento, o amanhã é mais um dia qualquer.

Faltam ações contínuas de amor à pátria por incrível que pareça. O que é alienígena é melhor, ledo engano, tem que prestigiar o que é nosso. Quem sabe restabelecer na grade de ensino nas escolas, as disciplinas: OSPB e Moral e Cívica.  Ele, o amor, deveria ser perene. Na atualidade, ocorre distanciamento dos valores cívicos e patrióticos, enveredando-se por caminhos exóticos. Depois quando a corda aperta a ponto de arrebentar ficamos com desculpas, as mais esfarrapadas, e a carruagem vai passando…

Procedimentos delituosos de parte de mandatários, líderes e ocupantes de cargos expressivos do nosso país, têm acarretado desastres à imagem do Brasil no exterior e internamente. Esquecem que estão nos cargos, representando a população. São homens públicos (representantes populares) que ocupam cargos/funções públicas, portanto têm o dever, a obrigação de amar a pátria e tudo fazer por ela. E importante, são remunerados e bem. “E alguns, querem por que querem se locupletar, são criativos”.

A imprensa, graças a Deus ainda livre tem fornecido os nomes e cargos dos protagonistas, o modus operandi tem sido amplamente divulgado. E depois fica aquele puxa encolhe, tão conhecido de todos. Afora isso, prolifera uma política paternalista que, incentiva a guardar em casa o pão nosso de cada dia, sem necessidade de esboçar esforços e se submeter a riscos, os ditos vale isso, vale aquilo.

O povo quer emprego, e a partir dele ter uma vida digna, comprar o que quer e não se submeter ao imposto, sem direito de escolha. Enquanto o arrocho a incidir mais e mais sobre aqueles que produzem (suam as camisas e queimam as pestanas). Daí a dificuldade em acabar com a sonegação. Dividir o pão sim, sem demagogias, pega mal usar o chapéu alheio para granjear simpatizantes.

Alguém poderia dizer que vivemos numa democracia. De certa maneira sim, numa meio democracia. Não é dessa forma, a liberdade de um vai até onde começa a do outro, acrescida da responsabilidade pelas ações praticadas, independente de classe social. Infelizmente, nem sempre é assim, é preciso o exercício constante da imparcialidade no incremento da justiça.

Os deveres, direitos e igualdade tão apregoados na Carta Magna, são para todos, não existe divisão por casta no Brasil, no entanto o que vemos e sentimos na pele é bem ao contrário. Educação, saúde, emprego e segurança, as bases, o alicerce do crescimento, permanecem deficitárias, a passos de cágados. 

O maestro, aquela figura no primeiro plano, fica gesticulando, balbuciando, mas os músicos não conseguem se entender, os sons de seus instrumentos estão desafinados. É preciso parar e antes de mais nada, juntos buscar as afinações para que a orquestra possa executar as músicas, de conformidade com as partituras. Numa orquestra todos são importantes, ninguém pode desafinar. Todos devem estar comprometidos. O maestro é o gestor, tem a obrigação de manter a batuta firme na mão e com ela promover a harmonia na orquestra, para deleite dos espectadores.

Como podem querer dizer que há igualdade entre os Poderes, quando a começar pelos salários dos servidores, há diferenças. E os aumentos de salários considerados abusivos que produzem efeitos cascatas, articulados e decididos pelos próprios beneficiários, o que dizer? A legislação assim permite. Em última instância, os numerários provem da onde? A fonte pagadora é a mesma, a MÃE PÁTRIA (somos nós, o povo).

O moral e a ética estão em baixa. A moralização inicia a partir do respeito do homem pelo homem, tão decadente nos últimos tempos. Isso acontecerá a partir de sanções punitivas impostas sobre maus brasileiros (principalmente naqueles que tem obrigação de serem exemplos e deixam a desejar), seja de que classe for e cargo que detiver. Por conseguinte a extinção da impunidade, acompanhada da transparência dos atos por quem de direito, urge. Ao contrário, enquanto perdurar esse estado de coisas, em quem vamos acreditar? Gente!  Cumprimos com nossas obrigações, somos cidadãos. Ah! Se cada um fizesse a sua parte sem uso de artimanhas.

Querem pagar as dívidas? Sem sacrifícios ou esperar por um milagre é difícil de se conceber. Porque não criar, POR EXEMPLO: um anteprojeto (que pode sofrer alterações no percurso do encaminhamento, é comum) estabelecendo jornada de trabalho e/ou prestação de serviço (de x dias por mês ou y dias por ano), destinando os valores e/ou lucros (percentual) correspondentes aos dias trabalhados, pró quitação de dívidas e/ou atendimentos in loco, com base em planejamentos para atingir metas de curto, médio e longo prazo.

A intenção seria suprir as necessidades de acordo com escalas de prioridades de cada localidade, sob a administração e supervisão de comissões paritárias (constituídas por representantes do governo e da sociedade civil), com a obrigação de prestação de contas das ações levadas a efeito.

Com referência ao supramencionado temos convicção que, paulatinamente haveria a participação da comunidade, a partir do momento da percepção das ações sendo executadas diretamente onde necessárias e com transparência. Certamente advindo vantagens para todos, indistintamente, pois que sob gerência dos próprios interessados, com observância das normas vigentes.

Mas, espera aí, chega, já temos muitos impostos. O negócio é dar rumo certo as aplicações das verbas.

Difícil os governos (bem intencionados) terem condições de fazer tudo sozinho. As parcerias (PPP=3P=parcerias-público-privadas) hoje são de suma importância, a partir do ganho na relação custo-benefício, para as partes envolvidas.  Então, o que dá resultados positivos tem que ser motivo de fomento.

Por outro lado, de repente, é preciso olhar para trás e “viajar” na história até a França de 1789. Lá, como aqui, guardadas as proporções, só os “abençoados” tinham privilégios, enquanto a maioria, a massa, restava o pior. E deu no que deram, cabeças rolaram (literalmente) e aquele país tomou o rumo da decência.

Está certo quem diz que a paciência é uma virtude, e que o limite no imaginário é uma linha tênue. A verdade é, vivemos num país maravilhoso contemplado por uma natureza exuberante, e somos tolerantes em demasia e etc., talvez um predicado, uma característica nossa. Enquanto outros povos tiveram muitos dissabores e percalços, sabem e dão valor a liberdade com responsabilidade. A diferença básica estaria no ver e sentir políticas públicas aplicadas com isonomia e transparentes, gerando benefícios, motivação e orgulho ao povo.  Uma utopia? Não, não é! Por enquanto, somente um sonho.

Nelson Vieira – Secretário Estadual de Educação e Cultura do GOB-MS.